Com sessenta anos, Giacomo Casanova, cansado de uma desgastante vida de boémio, aceitou o convite do conde Emanuel de Waldstein para organizar a sua biblioteca e para, nos tempos que essa tarefa lhe deixasse livres, escrever as suas memórias. Foi no palácio de Dux, na Boémia, a norte do território checo, que encontrou tecto e alimento, mas também uma imensa solidão e uma indescritível tristeza, já que tudo o que o tornara famoso, polémico e mundano ali lhe faltava.

Este livro é o diálogo entre o libertino e o seu espelho, crítico feroz e cúmplice de uma vida que se transformou numa voluntária reclusão, talvez no último sítio que Giacomo Casanova, auto-intitulado Cavaleiro de Seigalt, poderia ter escolhido para viver os derradeiros anos da sua atribulada vida e para entregar à terra os seus restos mortais.