As cerca de 250 pessoas reunidas no passado dia 29 de Outubro no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, em Lisboa, aquando do lançamento deste livro apresentado por António Manuel Couto Viana, atestam a sua invulgar qualidade. Estamos perante uma obra em que o autor traça as suas vivências pelos meandros da existência, desde África ao resto do mundo, pois salta ao entendimento a universalidade da sua poesia, onde, por ímpar acção microscópica da memória, os longes e esbatidos se apresentam actuais e precisos.

Em terra distante te deixei/… Deixei-te noiva/Deixei-te mãe/Deixei-te África.

Eco passado da distância/Distância eco do vento e do mar…

De olhar fixo no horizonte/Fixo o longínquo sem fim…

Onde está a infância perdida?!...

E a visão do passado arranca do poeta a exortação à realidade:

Precisa-se:/Uma nova raça, uma nova política, uma nova literatura/Uma nova glória.

“Estas Tentativa Poéticas em Poemas Imperfeitos não suportam análises, porque não são mais do que o sótão das minhas fantasias e dos meus sonhos…”. – pede a modéstia do autor. Mas, mesmo não requerida, e sobretudo por isso, a análise qualitativa impõe-se: sólido trabalho poético, merecedor de leitura atenta, conteúdo genuíno em surpreendente grafismo, em páginas A4 de papel de qualidade. Mas a magia não termina aqui. As magníficas ilustrações do pintor moçambicano Roberto Chichorro são uma notável mais-valia, compondo com o verso um todo que deverá ser considerado autêntica obra de arte.